terça-feira, 3 de abril de 2018

Pó de Ser Somnium

Foje espírito meu,
Pelos prados e galga o escarpado.
Aceita teu destino,
Sem suplícios e rogos.
Ruma à desertidão,
Sob a sombra de uma vela.
Ah! fólego abafado, suspira,
Lança-te do ego ao extremo,
Colhe, força d'alma minha,
O melhor, desse frívolo interstício...

E, canta, inspirando o ar quente
Deste desterro exilante.
Promulga, com voz de trovão, teu medo,
E, sobre o rochedo musgento,
Derrama tua libido fluorescente,
Semina o vácuo desta tua impureza;
E, sem gosto, descumpre tua sina...

Segue e corre!
Augura-te da necessidade.
Deixa, do escandaloso e vil,
O próspero do infortúnio,
Sem cobrança, sem lance, sem volúpia...

Espírito arredio, consome-te no vento.
Leva contigo, o sarcasmo, à vontade,
Desde o sol às trevas puras,
Esvaia-se, dos sentidos, a lembrança,
De que eras, ser havido de ser
Ferido na essência do que não és...
Foge, pois, deste casulo
Espírito! Livre...
Pó de ser.




Malkah,
5775






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