quarta-feira, 24 de janeiro de 2018

Onde

Ir aonde há céu,
Neste finito...
No mesmo lago e afora,
Depois de todo o penar,
Devo ir aonde serei
Outro, o eu...

O crepúsculo, posso desvelar
No obscuro esforço... 
E, das luzes amarelas, esconder-me,
Sob manto, da vergonha protegido,
Novo eu, esculpir na vastidão...

Se o caso, pensar fosse, concreto,
O pleno e vago desta multitude,
E o imenso, a razão fosse do ser,
Seria, à vez, o que não se deve,
Voltaria aonde nasce o prazer...

Do além então,
Onde envolto, o pulso principia,
O surdo som da consciência anuncia
Que se vai, dos elementos, percepção,
E sentidos dão a luz, à escuridão...

Onde está o se, senão em si?
Em ti, no outro eu!
Onde pulsa, da vontade, o querer.
Onde, forte, vibra a fonte do devir?
O ante ego no anti eu...
Enfim, sou nulo, per se,
Onde finda a energia, 
o fenecer.


MaggourMissabbib,
5768

segunda-feira, 22 de janeiro de 2018

Agora Depois Agora



Quando toda formosura fenecer,
E, destas formas, a forma deformar
Em ossos fissurados cobertos de pele desidratada,
Quando as cinzas, o vento quente assoprar,
Então só, o deserto, desfigurado,
A beleza for o asco da razão,
Findo será o destino aguardado
E sem sentido, os tormentos da emoção.

Nem todo lúgubre é o pensamento,
O assentir ao apetite sem saber,
Lascivo, o tempo desgostou o sentimento,
Na dor cruenta lacerou-se o prazer.
Ó, quão indigna é a toada desta sorte,
Que leva ao leito terminal a gratidão,
Sem contraponto indicando para norte
Lava, à vez, sentido, senso, formosura e prazer.

Contudo, com todos sucede o mesmo
Há sobejada esperança indo a esmo
De que depois d’agora, ainda há depois,
Chegar ao fim é o findar desde o começo,
Num lapso de distância entre os dois,
Velando corpos viçosos, num abraço,
Que crepitaram pelo fogo da paixão.


Nesta poética, a finitude do pensamento se revela na infinitude do tempo

Malkah, 5778

sexta-feira, 5 de janeiro de 2018

Flores perenes

Sei o que sinto.
E, ao raiar o alvorecer...
Haverá, sim, muitas flores!

Pois a verdade jaz
Na firmeza...
Do coração aquecido,
Mesmo na escuridão invernal.

Folhas caem no outono,
Não é mentira, é natural.
Olhos podem ficar nublados,
Mas ainda, festeja, o coração, ao entardecer.

Alegria imensa,
Trilhar consigo a canção
Sob o mesmo teto, descobertos
Sobre o chão de rosas
descobrir a dileta flor.

Eis a estação do bem amado:
O calor veronil, a brisa outonal
Ou o brilho primaveril...

É imprescindível,
O fulgor deste sorriso
O corpo deste prazer
Simplesmente, conhecer,
No amanhacer de nós dois,
Sem tempo...




MelkVital 5778