terça-feira, 20 de novembro de 2018

Pérola Negra

Baila a salsa

De tempero compassado

Na dança dessa história,

E canta uma, de refugiada

Mas, a negra é vistosa

Uma pérola, uma rara...

Que no torneado dessa negritude

É fêmea voraz,

Silhueta da formosura,

De desejo assaz,

De grandeza e vigor,

Que na luta renhida

Seus seios vultosos,

Não temem ferida,

Que evocam desejos

E, decantam o prazer.

Seu escuro veludoso

De orvalho coberto,

Sua boca suave

Murmura: meu bem,

Seu gosto moreno

Esconde o afável,

E, nesse compasso,

Esse corpo liberto,

De mulher consentida,

Me leva cativo...

Malkah

5774

terça-feira, 6 de novembro de 2018

Zarzamorañoranzas

¿Tú sabes lo que es añoranza?
No es dolor ni pérdida
No es falta ni distancia.
Lo sabrías si caminaras por senderos de amor
Y de las moras los dulces besos
Te recordasen una flor.

Bajo la llovizna
Los mimos del amante
Las caricias del calor
Y el morado de las moras
En los pétalos de esa flor.

Así
De un naranjo muy bruto
Nasció una pequeña flor
Y desde sus labios morera,
Se ha brotado el amor.

Empero, de una tormenta,
Al suelo cayeron las moras
Mi corazón se partió.
Añoranza, entiendes ahora,
Lo digo de una pequeña flor,
Que me hizo muy feliz.

Después
Ni moras, ni besos, ni amor...


Malkah,
5779

Semente poética

O poeta é finito
A lírica e a prosa
No sentido sansível
Na infinitude do dia
O fim do poeta
E a lírica lacrimosa
Encerram-se a tempo
Poética, rima e prosa.

Sóis e versos
Métrica e cadência
Morre o poeta
Nasce o poema...


segunda-feira, 24 de setembro de 2018

Talvez a vida



Talvez seja a tristeza, 
Fêmea cuja negra derme impeça o brilho da alma,
Cujos olhos claros transmitam raios
Penetrantes como espadas
Trazendo a dor.

Talvez seja a dor, 
O prazer que em si abriga o candido macho,
Nos olhos negros como abismo,
Absorve o mundo
Revela o medo.

Talvez seja o medo,
A resistência negra à candura,
A intolerância dos olhos aos raios penetrantes
Qual opacidade cobre o tudo
E espanta o amor.

Talvez seja o amor 
Orquídea formosa que alumbra o ser,
Que estreita os laços, ampiando espaços,
Sublimando o medo, dor, tristeza e lida,
Encurtando o tempo
Dilapidando a vida.

É a vida,
Uma nau de amor,
Vagueando num mar de tristezas,
Sob tormenta de medos
E, cujo piloto é a dor...




Aqui, Jan2001
Maggour Missabbib,
5760


terça-feira, 19 de junho de 2018

Contratempo

Um é o tempo, 
Que temo, e tenho-me,
Porque, onde, senão aqui,
Deve ter-lhes, o passar,
As folhas amareladas?
Pensa-me então:
Se,  no alto das cabeças, pisares,
Vagante entre as brumas escuras,
Da consciência velada,
E, aos passos lentos, o relógio
Levar-me além,
Seguem-se, os olhos fitos
Vêem o nada, parede pétrea
E, temente vagas sob o ceu...

De ninguém tens a culpa,
Nula é tua prentensão;
Se uno, ora me tens,
Tenha-me, nessa hora,
Por tua causa,
Minha absolvição, e
Roga pois, distante é o amor,
Volta das alturas, 
Pois, vago é o amar.
Não sejas tu, mesma
Desilusão do meu atraso,
Esperança do meu temor!

O tempo, abraça-me;
Deixo-me ao momento,
Sem que haja isso em mim.
O que temo é-me caro,
Sem saber ser,
Era, passatempo, eu 
Aquem, no tabuleiro jogavas.
Fez-me da verdade, senti,
És mentira, que inventei,
Nulo, o espaço de nós dois,
Encontros desmarcados,
Contrapontos e nós 
Eu te encontrei...
Nos contrapomos
Nu' contra o tempo

Malkah,
5774

terça-feira, 3 de abril de 2018

Inverdade Recíproca

Esse corpo m-eu diplástico,
Resiliente como o célebre cérebro,
De por dentro, mas
Por de fora, cascudo inmaleável;
Nega-se de morrer, fortúito.
Há deveras custo, e não gratuito.
De quão custosa é a vida, e pura,
A cultivar-se tanto essa verdura, 
A cultuar-se tanto esse vigor,
Pois, lamenta-se tanto o seus declínios,
Profana-se tanto o  própio amor...

Ignore a elasticidade desta dureza,
E como a porosa pedra que flutua,
Recobre do etéreo, a carne crua,
A plasticidade de tua ríspida natureza.

Duplamente, o corpo, 
Dessa rigidez é flexível,
A mente mente, 
Quando tudo inelástico quer saber.
Algo, o fólego sente, 
Tu, carne, o ente, 
Eu, mentira  crente,
Que, senão, és tu,
Sou eu, não-ser...

Malkah,
5777

Pó de Ser Somnium

Foje espírito meu,
Pelos prados e galga o escarpado.
Aceita teu destino,
Sem suplícios e rogos.
Ruma à desertidão,
Sob a sombra de uma vela.
Ah! fólego abafado, suspira,
Lança-te do ego ao extremo,
Colhe, força d'alma minha,
O melhor, desse frívolo interstício...

E, canta, inspirando o ar quente
Deste desterro exilante.
Promulga, com voz de trovão, teu medo,
E, sobre o rochedo musgento,
Derrama tua libido fluorescente,
Semina o vácuo desta tua impureza;
E, sem gosto, descumpre tua sina...

Segue e corre!
Augura-te da necessidade.
Deixa, do escandaloso e vil,
O próspero do infortúnio,
Sem cobrança, sem lance, sem volúpia...

Espírito arredio, consome-te no vento.
Leva contigo, o sarcasmo, à vontade,
Desde o sol às trevas puras,
Esvaia-se, dos sentidos, a lembrança,
De que eras, ser havido de ser
Ferido na essência do que não és...
Foge, pois, deste casulo
Espírito! Livre...
Pó de ser.




Malkah,
5775






quarta-feira, 24 de janeiro de 2018

Onde

Ir aonde há céu,
Neste finito...
No mesmo lago e afora,
Depois de todo o penar,
Devo ir aonde serei
Outro, o eu...

O crepúsculo, posso desvelar
No obscuro esforço... 
E, das luzes amarelas, esconder-me,
Sob manto, da vergonha protegido,
Novo eu, esculpir na vastidão...

Se o caso, pensar fosse, concreto,
O pleno e vago desta multitude,
E o imenso, a razão fosse do ser,
Seria, à vez, o que não se deve,
Voltaria aonde nasce o prazer...

Do além então,
Onde envolto, o pulso principia,
O surdo som da consciência anuncia
Que se vai, dos elementos, percepção,
E sentidos dão a luz, à escuridão...

Onde está o se, senão em si?
Em ti, no outro eu!
Onde pulsa, da vontade, o querer.
Onde, forte, vibra a fonte do devir?
O ante ego no anti eu...
Enfim, sou nulo, per se,
Onde finda a energia, 
o fenecer.


MaggourMissabbib,
5768

segunda-feira, 22 de janeiro de 2018

Agora Depois Agora



Quando toda formosura fenecer,
E, destas formas, a forma deformar
Em ossos fissurados cobertos de pele desidratada,
Quando as cinzas, o vento quente assoprar,
Então só, o deserto, desfigurado,
A beleza for o asco da razão,
Findo será o destino aguardado
E sem sentido, os tormentos da emoção.

Nem todo lúgubre é o pensamento,
O assentir ao apetite sem saber,
Lascivo, o tempo desgostou o sentimento,
Na dor cruenta lacerou-se o prazer.
Ó, quão indigna é a toada desta sorte,
Que leva ao leito terminal a gratidão,
Sem contraponto indicando para norte
Lava, à vez, sentido, senso, formosura e prazer.

Contudo, com todos sucede o mesmo
Há sobejada esperança indo a esmo
De que depois d’agora, ainda há depois,
Chegar ao fim é o findar desde o começo,
Num lapso de distância entre os dois,
Velando corpos viçosos, num abraço,
Que crepitaram pelo fogo da paixão.


Nesta poética, a finitude do pensamento se revela na infinitude do tempo

Malkah, 5778

sexta-feira, 5 de janeiro de 2018

Flores perenes

Sei o que sinto.
E, ao raiar o alvorecer...
Haverá, sim, muitas flores!

Pois a verdade jaz
Na firmeza...
Do coração aquecido,
Mesmo na escuridão invernal.

Folhas caem no outono,
Não é mentira, é natural.
Olhos podem ficar nublados,
Mas ainda, festeja, o coração, ao entardecer.

Alegria imensa,
Trilhar consigo a canção
Sob o mesmo teto, descobertos
Sobre o chão de rosas
descobrir a dileta flor.

Eis a estação do bem amado:
O calor veronil, a brisa outonal
Ou o brilho primaveril...

É imprescindível,
O fulgor deste sorriso
O corpo deste prazer
Simplesmente, conhecer,
No amanhacer de nós dois,
Sem tempo...




MelkVital 5778