terça-feira, 6 de novembro de 2012

Palavrão e beijo e vinho

Quero um beijo de tua boca
Uma garrafa de vinho
E um palavrão.

E sentirei:
Do beijo lábios
Do vinho embriaguez
Do palavrão elogio.
 
E farei:
Da maledicência uma canção
Da borrachice um poema
Dos lábios a lascidão.

Do palavrão e do vinho uma orgia
Da botelha um adorno
Da boca um sussurro.

E provarei:
O buquê dos lábios teus
A verdade na botelha
O elogio da imprecação.

Da boca lasciva uma mordida
Da bebida um frasco de veneno
Da palavra uma carícia.

Eu sou deprecação e elogio,
Mentira sóbria e mordida,
E, ósculo envenenado.

Quero teus lábios veludosos
Quero botijas dos teus aromas
Quero a mor palavra que existe!

Dó(r)...

Maggour Missabbib

5772

 

 

 

terça-feira, 18 de setembro de 2012

fragmento de ontogênese da coisa social

...desde os mais pessoais e íntimos aos de caráter mais coletivo. Em todo, caso vê-se diante de situação de escolha e deliberação. Em se tratando de foro íntimo articula com suas próprias convicções e, atua para fazer valer o seu escolha: essa é a perspectiva do atomismo político de Foucault. Tendo em conta que o indivíduo é parte inexorável do conjunto social histórico-geográfico onde está inserto, é plausível relativizar que a agregação dos históricos, conflitos e interesses individuais constituem conjunto sociocultural do estado nação. No agrupamento sociocultural historicamente constituído há efervescência pujança de atos políticos naturais que em conjunto constituem a polis ou comunidade civilizada praticando: política civil, que supera o interesse pessoal em busca do bem comum. Biologicamente o homem é um animal dotado de instinto de preservação, mas também dotado de intelecto. Quando se agrupa é para autopreservação, isso é de certo modo impulso, mas quando elabora estratégias de ordenação coletiva e define prioridades é ato intelectivo. Então, pode-se dizer que a política do ponto de vista natural é o ato de defesa dos interesses de maneira mais próxima do instintivo; outrossim, do ponto de vista cidadania, é mais racional. Concluímos, portanto, que entre a natureza política e o processo civilizatório do exercício da cidadania há um campo de combate. Por conseguinte, entendo que é na lide travada nesse ético que surge a política institucional, dando origem ao estado de direito personificado no Governo. Numa analogia filosófica, arrisco-me a dizer que o Governo é o corpo, a estrutura tangível, e o Estado é seu animus, a estrutura etérea, invisível e latente. Nesse sentido, o Estado figuraria a substância, o Governo a forma; portanto, são indissociáveis. Razão pela qual, muitas vezes, são confundidos, porque o Governo é que aparece personificando o Estado e atuando em seu nome. Entendo que é por impulso de volição da sociedade civil que nasce o Estado, este por sua vez, pelo ato primordial da política civil, se manifesta fisicamente como Governo, a quem é delegada a defesa dos interesses comuns. E, para consecução de suas prerrogativas é-lhe facultado o Poder, i.e., a potência total de agir, ou mesmo possibilidade de que o humano possa determinar comportamentos do homem. Enfim, o humano se agregou para autoproteção, pensou o Estado, e deste, conformou o Governo, outorgando-lhe o Poder. Tal potência, agindo em nome da sociedade civil, tem na sua ontogênese a incumbência de proteger o interesse comum, para tanto, detém a faculdade da Política Pública, cuja essência é o apaziguamento dos conflitos e a minoração das desigualdades. Contudo, o interesse prevalente, entorpece a criatura monstruosa, simulando naturalidade, pela metaforização da cidadania, subverte o bem comum, agindo como ladrão estacionário, dilapidando os bens civis até à medida de sua capacidade produtiva... E, o ciclo do status (re)constitui as contingências histórico-culturais, intensificando a luta pela sobrevivência. O pensamento humano evolui enquanto reverbera nesse ciclo do status. As contingências consubstanciam espaços culturais historicamente demarcados. É nesse lócus que germina a ideia educação. Não é oriunda de política pública, ao contrário; sua filogênese é o prazer gerado pela cidadania, como prática do exercício da plenitude do direito civil. Não se confunde, nem sequer na aparência, com a escolarização. Educo: é o verbo latino cuja essência é conduzir. Não se pode conduzi alguém pelo vazio, ou pelo nada. Educar pressupõe a ideia de uma cartografia, de um território, onde se passeia, ludicamente, vivenciando a natureza e inteligindo as coisas dela. Esse é o conceito original de educação. Infelizmente o entendimento contemporâneo é de que educação é dever do Estado. De fato, não o é! A escolarização talvez. Educar é privilégio exclusivo da sociedade civil, na sua célula mais primordial. É dever sacrossanto da família; porque nesse contexto é conduzir a vida, conforme John Dewey: a educação não é para a vida ela é a própria vida. É imperativo que cada sujeito social seja imbuído dessa tarefa. É uma questão de preservação da espécie. Primitivamente somos gregários, mas também almados racionais; nossos sentidos nos conduzem, pela percepção; a natureza nos dá exemplo de que somos capazes de aprender. Se o aprender é um potencia natural humana a educação é a potencia que atualiza a aprendizagem, i.e., ajuda-nos a passar da potencia ao ato; atualizar, no sentido aristotélico, passar da possibilidade à ação, que é o sinal mais elementar de vida. Se educar não é prerrogativa do Estado, qual é, pois, o seu papel? É, portanto, prover todos os meios, para que aqueles que têm potencialidade de ensinar como se conduzir pela vida, possam perpetrar o ato educacional; pela ludicidade, pela autenticidade, pela experienci(ação), pela reflexão e, sobretudo, pela utilidade. O homo economicus propugna a maximização da utilidade. Para tanto, o habitat físico da educação formal, a escola, não pode ter caráter punitivo, delimitador, mas libertário e amancipatório, onde o aprendiz seja causa, necessária e suficiente, do processo de desenvolvimento intelectual. Por conseguinte, o papel estatal é alocar recursos e fiscalizar sua aplicação, para consecução dos objetivos da instituição escola. Nesse âmbito a escola é autônoma, gerida pela comunidade educacional, com perspectiva de maximizar o desenvolvimento holístico do aprendiz...

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Encantação da valentia


Ando, anda! Cavaleiro sem cavalo
Trovador sem palavra
Mudo cantador,
Que a solidão comigo acompanhada
Numa jornada árida
Em plena luz
Quando a Dulce encantada
Na ilusão desfaz
Minha bravura
Receio o temor e a madrugada
A força da verdade
E sua gravura.
Na oceana areia destas plagas
O ermo é meu norte
Sigo sem prumo
Na corrida da peleja esbaforida
Transpiração e fumo;
A vista território deserdado
Quinhão da liberdade fugidia,
Cadeias de saudade
Lume vagante na obscuridade
Fragor, assobramento, encantação
À luz do dia...
Que termina de repente
Chilreando como serpente
E do veneno da manhã já aturdido
Cavalgo para a noite infinita
E fujo à liberdade à vadia
Que lume, nutre, finge
A valentia.
Quando sem armas, alma e alento,
Confundem-se corpo e  tristeza e pó in mundo.

Maggour Missabbib,

5748




quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Seiva da solidão


QUE FRONDOSA E FRIA  E SÓ
SE, UM VENTO SOPRAR A PAINEIRA,
AFASTANDO O ORVALHO DE TUA SEIVA
E A NÉVOA DA SOLIDÃO

ENCOBRIR A VELA DESTA NAU
DIGA À NOITE EM TOM SILENTE
QUE É HORA DE SORRI E ESQUECER
OUTRO AO LADO QUE VERDEJA, 
EU, NO CAMPO DESERTO, 
NENHUM, QUE SE ELEVA , LEVA CONSIGO
ALGUMA DAS VERDADES  AO INOCENTE
NÃO ME LEVES QUANDO MINHA HORA NÃO FOR

DEIXA À LUZ A FALSA ESPERANÇA
E CAIAM AO ABISMO A FANTASIA
SE O ORVALHO ASSOPRADO DO TEU LEITO
CAIR SOBRE A RELVA TRISTE DO ENTARDECER
VISLUMBRA COM OLHOS MAREJANTES
AS VAGAS DE SAUDADE DE PERDER
E O TROPÉU DA SANIDADE LEVARÁ

AO CIMO O BORDÃO  DO TEU VIVER
E DOS GRILHÕES DA TEMPESTADE  ASSOLADO
AO CÁRCERE DESPEGADO DE AMORES
EM LUTO TRANSBORDAR A LIBERDADE
E TU A ORVALHAR A SOLIDÃO.

Maggour Missabbib, 5772

sexta-feira, 6 de julho de 2012

O mundo em que vivemos não é passível de redução



Vejo com os olhos da alma, o que percebo com a visão é o mundo que está dentro da minha consciência. Os meus sentidos não alcançam o mundo exterior, mas a realidade objetal projeta-se sobre meu sensório, tornando-se realidade subjetiva. N
ão há mundo que não o da minha consciência. Se existe consciência não é pela percepção sensorial, mas pela projeção da individualidade como realidade objetal da alteridade, assim, o eu, como realidade objetal, não existe para o outro, mas uma realidade subjetiva de mim. Por conseguinte, não é possível o belo nem o feio, na atualização do ser em si; não há, no contexto moral, nem verdade nem mentira; e, também não há bom nem mau; na esfera ontológica, algo é, e toda a existência em si jaz, daí o que percebo de mim é uma consciência construída pelo outro introjetada em mim pela sensação. Mas o amor é algo existente, é a causa do melhor mundo possível naquele, gerado pela da reta-razão, a qual planeja, potencializa e energiza toda coisa...

quinta-feira, 5 de abril de 2012

Ontogênese de institutos humanos


Neste ensaio pretendo apresentar de maneira subjetiva e bem sucinta alguns conceitos no campo das ciências sociais e das humanas, trabalhados ao longo da minha vida educacional. É, portanto, imprescindível esclarecer que o objetivo desse trabalho é demonstrar algum conhecimento, pretensamente inteligido, sobre os temas: sociedade, Estado, governo e política. E, também, na medida do possível abordar as dependências recíprocas entre esses “entes”.
Nessas ciências, a constituição da sociedade apresenta-se como fenômeno natural; várias correntes teóricas têm em comum esse pressuposto; divergindo, contudo, quanto a sua configuração e conformação estrutural. No âmbito conceitual Hobbes e Spinoza assumem que o estado de natureza do homem é de guerra, enquanto que para Locke e Pufendorf é de uma paz precária, e para Rousseau é um estado de felicidade. No entanto, para todos eles, é no limiar desse estado de natureza que surge a organização social, a qual, de alguma maneira, está imiscuída na definição o Estado de direito, na perspectiva contratualista.
O Estado é produto da sociedade. Surge das relações interpessoais no embate dos interesses individuais e de grupos constituídos por comunidade de interesses, que conformam a sociedade civil, como organismo impulsionado por forças internas, configurada por tensões e movimentos em direção ao bem-estar e utilidade comuns. Nessa definição resta a ideia de que o Estado é uma personificação da sociedade em processo civilizatório. Isso partindo do pressuposto de que a civilização não alcançou seu nível ótimo; mas utiliza de mecanismo de implementação, através de estatutos delineadores e reguladores e de controle dos impulsos dos interesses grupais e individuais. Essa concepção contém a essência do Estado como “ente” amorfo, que personifica os anseios da sociedade humana.
No escopo desse arranjo orgânico (sociedade/estado) o tônus é a violência. Isso quer dizer que o interesse do mais forte prevalece. A atuação forçosa coercitiva para validar um determinado interesse acha-se legitimada na brandura dos interesses vencidos. Daí, grupos sociais fortes legitimam o status do Estado, por meio de metaforização de cidadania, conferindo-lhe aparência natural. O Estado, por seu turno, é legitimador dos interesses dos grupos que lhe dão tal conformação. Esse ciclo vicioso, dificilmente, se rompe... quando acontece isso, o conjunto de eventos que provocam qualquer ruptura, nesse status quo, pode bem ser definido como revolução; que em essência é involução das forças de tensão no interior das estruturas sociais.
A sociedade funciona como um sistema orgânico, altamente complexo. As forças coesivas no seu interior resultam da diversidade de interesses. As relações que se desenvolvem para gestão das diferentes perspectivas de interesses é a política no sentido lato. Em termos orgânicos: o sujeito vive conflitos os mais diversos, desde os mais pessoais e íntimos aos de caráter mais coletivo. Em todo caso vê-se diante de situação de escolha e deliberação. Em se tratando de foro íntimo articula com suas próprias convicções e, atua para fazer valer o seu escolha: essa é a perspectiva do atomismo político de Foucault. Tendo em conta que o indivíduo é parte inexorável do conjunto social histórico-geográfico onde está inserto, é plausível relativizar que a agregação dos históricos, conflitos e interesses individuais constituem conjunto sociocultural do estado nação. No agrupamento sociocultural historicamente constituído há efervescência pujança de atos políticos naturais que em conjunto constituem a polis ou comunidade civilizada praticando: política civil, que supera o interesse pessoal em busca do bem comum.
Biologicamente o homem é um animal dotado de instinto de preservação, mas também dotado de intelecto. Quando se agrupa é para autopreservação, isso é de certo modo impulso, mas quando elabora estratégias de ordenação coletiva e define prioridades é ato intelectivo. Então pode-se dizer que a política do ponto de vista natural é o ato de defesa dos interesses de maneira mais próxima do instintivo; outrossim, do ponto de vista cidadania é  mais racional. Concluímos, portanto, que entre a natureza política e o processo civilizatório do exercício da cidadania há um campo de combate. Por conseguinte, entendo que é na lide travada nesse ético que surge a política institucional, dando origem ao estado de direito personificado no Governo.
Numa analogia filosófica, arrisco dizer que o Governo é o corpo, a estrutura tangível, e o Estado é seu animus, a estrutura etérea, invisível e latente. Nesse sentido, o Estado figuraria a substância, o Governo a forma; portanto, são indissociáveis. Razão pela qual, muitas vezes, são confundidos, porque o Governo é que aparece personificando o Estado e atuando em seu nome.
Entendo que é por impulso de volição da sociedade civil que nasce o Estado, este por sua vez, pelo ato primordial da política civil, se manifesta fisicamente como Governo, a quem é delegada a defesa dos interesses comuns. E, para consecução de suas prerrogativas é-lhe facultado o Poder, i.e., a potência total de agir, ou mesmo possibilidade de que o humano possa determinar comportamentos do homem. Enfim, o humano se agregou para autoproteção, pensou o Estado, e deste, conformou o Governo, outorgando-lhe o Poder. Tal potência, agindo em nome da sociedade civil, tem na sua ontogênese a incumbência de proteger o interesse comum, para tanto, detém a faculdade da Política Pública, cuja essência é o apaziguamento dos conflitos e a minoração das desigualdades. Contudo, o interesse prevalente, entorpece a criatura monstruosa, simulando naturalidade, pela metaforização da cidadania, subverte o bem comum, agindo como ladrão estacionário, dilapidando os bens civis até à medida de sua capacidade produtiva... E, o ciclo do status (re)constitui as contingências histórico-culturais, intensificando a luta pela sobrevivência.
O pensamento humano evolui enquanto reverbera nesse ciclo do status. As contingências consubstanciam espaços culturais historicamente demarcados. É nesse lócus que germina a ideia educação. Não é oriunda de política pública, ao contrário; sua filogênese é o prazer gerado pela cidadania, como prática do exercício da plenitude do direito civil. Não se confunde, nem sequer na aparência, com a escolarização. Educo: é o verbo latino cuja essência é conduzir. Não se pode conduzi alguém pelo vazio, ou pelo nada. Educar pressupõe a ideia de uma cartografia, de um território, onde se passeia, ludicamente, vivenciando a natureza e inteligindo as coisas dela. Esse é o conceito original de educação.
Infelizmente o entendimento contemporâneo é de que educação é dever do Estado. De fato, não o é! A escolarização talvez. Educar é privilégio exclusivo da sociedade civil, na sua célula mais primordial. É dever sacrossanto da família; porque nesse contexto é conduzir a vida, conforme John Dewey: a educação não é para a vida ela é a própria vida. É imperativo que cada sujeito social seja imbuído dessa tarefa. É uma questão de preservação da espécie. Primitivamente somos gregários, mas também almados racionais; nossos sentidos nos conduzem, pela percepção; a natureza nos dá exemplo de que somos capazes de aprender. Se o aprender é um potencia natural humana a educação é a potencia que atualiza a aprendizagem, i.e., ajuda-nos a passar da potencia ao ato; atualizar, no sentido aristotélico, passar da possibilidade à ação, que é o sinal mais elementar de vida.
Se educar não é prerrogativa do Estado, qual é, pois, o seu papel? É, portanto, prover todos os meios, para que aqueles que têm potencialidade de ensinar como se conduzir pela vida, possam perpetrar o ato educacional; pela ludicidade, pela autenticidade, pela experienci(ação), pela reflexão e, sobretudo, pela utilidade. O homo economicus propugna a maximização da utilidade. Para tanto, o habitat físico da educação formal, a escola, não pode ter caráter punitivo, delimitador, mas libertário e amancipatório, onde o aprendiz seja causa, necessária e suficiente, do processo de desenvolvimento intelectual. Por conseguinte, o papel estatal é alocar recursos e fiscalizar sua aplicação, para consecução dos objetivos da instituição escola. Nesse âmbito a escola é autônoma, gerida pela comunidade educacional, com perspectiva de maximizar o desenvolvimento holístico do aprendiz.