terça-feira, 20 de setembro de 2022

Voto sem Volta

 

 

Vote

No medo, na escuridão

Vote na inverdade,

Na vaidade da negação,

Na ira, na temeridade;

Na mentira, contra a verdade

No mito da liberação.

 

Vote

 No antivacinas,

Na castração das meninas,

No aborto das faveladas.

No escuro do meio-dia,

pela arma desalmada,

Vote pela covardia,

Contra a mulher e sua sorte,

Contra a vida, pela morte,

Vote, pois, nesse fracote!

 

Vote!

O descrente,

Na moral do indecente,

Embasada no foder...

(broxa)

 

Vote!

Na falsidade,

Inconsequente,

No abuso do poder,

Na traição,

No ódio ardente.

 

Vote

Na ânsia persecutória,

Na negação da história,

No retrocesso do saber.

 

Pois, vote

 Na mentira e no fracasso.

na preguiça do indolente,

Na crença do falso crente.

No mito a fenecer...

 

Vote

No palavrório vomitivo,

Vote no inconsciente,

Eleja o mal mais expressivo

Vote armado, até os dentes!

 

Votem

Cegos incoerentes,

Desprezem todo o trabalho,

Votem no rebotalho

Abracem a corrupção,

Saiam do caminho ao atalho

E, afoguem-se na perdição!

 

Vote

 E não volte

A ver a luz da verdade

Viva a vilania e a voracidade

Seja infeliz na ingratidão!

 

Vote

Pelo pavor subjugado,

de monstro falso inventado,

Por nefasto capetão,

Por sua incredulidade,

Seu voto amaldiçoado

Destrói, hoje, a liberdade

Da sua própria (i)nação.

 

Malkah, 5782

 

 

 

 

 

 

 

terça-feira, 24 de dezembro de 2019

Amoreiros

Sabes o que é saudade?
Não é perda nem dor
Não é falta ou distância.
Saberias, se andasses nas trilhas do amor
E, das amoras, os doces beijos
Te recordassem, uma flor.

Sob o chuvisco,
Os mimos do amante,
As carícias do calor,
E o roxo das amoras
Nas pétalas dequela flor.

Assim...

De uma laranjeira áspera
Nasceu u'a pequena flor
E de seus lábios amoreiros,
Suaves, brotou o amor.

Porém, de uma tempestade,
Amoras caíram ao chão
E partiu coração.
Saudade, entendes agora,
Eu digo d'uma florzinha,
Que tão feliz, me deixou.

Depois:

Nem amoras, nem beijos, nem amor ...





Malkah,
5779

Traços de mim

Se mais pudesse te amar,
Te esqueceria.
Daria paz às tuas lembranças
E cercaria a distância entre nós.
Se pudesse com a alma
Deixar de te recordar,
E do teu esquecimento
Me lembrasse,
Que te perdes de pensar,
Sabendo que não sou,
Abrigaria com afago a saudade
E tu me entregarias reminiscencias
Somente, deste presente
Que te dou por tanto bem te querer.

Se tivesses de mim memórias ou traços
A imagem do teu sorrir
Me poderia amar.
Dar-te-ia à calma das minhas recordações
E estreitarias laços e nós.
Se tua alma quisesse
Guardar, minha lembrança
E de mim, o esquecimento esquecesse,
Abraçarias meu afeto como quem sonha
Eu, a ti seria reminiscência
De um futuro desprezado
Que me dás, por-tanto bem ...
Ainda amor.

Malkah,
5778

terça-feira, 20 de novembro de 2018

Pérola Negra

Baila a salsa

De tempero compassado

Na dança dessa história,

E canta uma, de refugiada

Mas, a negra é vistosa

Uma pérola, uma rara...

Que no torneado dessa negritude

É fêmea voraz,

Silhueta da formosura,

De desejo assaz,

De grandeza e vigor,

Que na luta renhida

Seus seios vultosos,

Não temem ferida,

Que evocam desejos

E, decantam o prazer.

Seu escuro veludoso

De orvalho coberto,

Sua boca suave

Murmura: meu bem,

Seu gosto moreno

Esconde o afável,

E, nesse compasso,

Esse corpo liberto,

De mulher consentida,

Me leva cativo...

Malkah

5774

terça-feira, 6 de novembro de 2018

Zarzamorañoranzas

¿Tú sabes lo que es añoranza?
No es dolor ni pérdida
No es falta ni distancia.
Lo sabrías si caminaras por senderos de amor
Y de las moras los dulces besos
Te recordasen una flor.

Bajo la llovizna
Los mimos del amante
Las caricias del calor
Y el morado de las moras
En los pétalos de esa flor.

Así
De un naranjo muy bruto
Nasció una pequeña flor
Y desde sus labios morera,
Se ha brotado el amor.

Empero, de una tormenta,
Al suelo cayeron las moras
Mi corazón se partió.
Añoranza, entiendes ahora,
Lo digo de una pequeña flor,
Que me hizo muy feliz.

Después
Ni moras, ni besos, ni amor...


Malkah,
5779

Semente poética

O poeta é finito
A lírica e a prosa
No sentido sansível
Na infinitude do dia
O fim do poeta
E a lírica lacrimosa
Encerram-se a tempo
Poética, rima e prosa.

Sóis e versos
Métrica e cadência
Morre o poeta
Nasce o poema...


segunda-feira, 24 de setembro de 2018

Talvez a vida



Talvez seja a tristeza, 
Fêmea cuja negra derme impeça o brilho da alma,
Cujos olhos claros transmitam raios
Penetrantes como espadas
Trazendo a dor.

Talvez seja a dor, 
O prazer que em si abriga o candido macho,
Nos olhos negros como abismo,
Absorve o mundo
Revela o medo.

Talvez seja o medo,
A resistência negra à candura,
A intolerância dos olhos aos raios penetrantes
Qual opacidade cobre o tudo
E espanta o amor.

Talvez seja o amor 
Orquídea formosa que alumbra o ser,
Que estreita os laços, ampiando espaços,
Sublimando o medo, dor, tristeza e lida,
Encurtando o tempo
Dilapidando a vida.

É a vida,
Uma nau de amor,
Vagueando num mar de tristezas,
Sob tormenta de medos
E, cujo piloto é a dor...




Aqui, Jan2001
Maggour Missabbib,
5760