terça-feira, 3 de abril de 2018

Inverdade Recíproca

Esse corpo m-eu diplástico,
Resiliente como o célebre cérebro,
De por dentro, mas
Por de fora, cascudo inmaleável;
Nega-se de morrer, fortúito.
Há deveras custo, e não gratuito.
De quão custosa é a vida, e pura,
A cultivar-se tanto essa verdura, 
A cultuar-se tanto esse vigor,
Pois, lamenta-se tanto o seus declínios,
Profana-se tanto o  própio amor...

Ignore a elasticidade desta dureza,
E como a porosa pedra que flutua,
Recobre do etéreo, a carne crua,
A plasticidade de tua ríspida natureza.

Duplamente, o corpo, 
Dessa rigidez é flexível,
A mente mente, 
Quando tudo inelástico quer saber.
Algo, o fólego sente, 
Tu, carne, o ente, 
Eu, mentira  crente,
Que, senão, és tu,
Sou eu, não-ser...

Malkah,
5777

Pó de Ser Somnium

Foje espírito meu,
Pelos prados e galga o escarpado.
Aceita teu destino,
Sem suplícios e rogos.
Ruma à desertidão,
Sob a sombra de uma vela.
Ah! fólego abafado, suspira,
Lança-te do ego ao extremo,
Colhe, força d'alma minha,
O melhor, desse frívolo interstício...

E, canta, inspirando o ar quente
Deste desterro exilante.
Promulga, com voz de trovão, teu medo,
E, sobre o rochedo musgento,
Derrama tua libido fluorescente,
Semina o vácuo desta tua impureza;
E, sem gosto, descumpre tua sina...

Segue e corre!
Augura-te da necessidade.
Deixa, do escandaloso e vil,
O próspero do infortúnio,
Sem cobrança, sem lance, sem volúpia...

Espírito arredio, consome-te no vento.
Leva contigo, o sarcasmo, à vontade,
Desde o sol às trevas puras,
Esvaia-se, dos sentidos, a lembrança,
De que eras, ser havido de ser
Ferido na essência do que não és...
Foge, pois, deste casulo
Espírito! Livre...
Pó de ser.




Malkah,
5775