sexta-feira, 17 de junho de 2016

Palavras em pedra

Esta era a canção
Que filosófica cantava eu
Enquanto o sol rubro
Surgia no horizonte poluído.
De engodo era o canto, de saudade,
As palavras em pedra
Fizeram o coração combalido
Espinheiro entre flores primaveris.
E ao brotar da verdade,
Que no canto entoado,
Despertava a liberdade,
E as palavras em pedra
Vagavam pela cidade.
Onde estão as flores,
Que o vento leva o perfume,
Odorando da noite o lume?
E os rebentos da primavera,
E a relva crespa do verão?
Onde estão as palavras agora?
A bendição do amanhecer,
Os sons que encantavam amantes,
Nas rochas do entardecer?
E as palavras em pedra
Ao despontar a justiça
E o homem escorregadiço
Do invejado viço
Entrega-se a lassidão.
E as palavras em pedra
Transcritas à linha não-reta
Atormentavam na alma
Do filósofo o poeta.


Malkah, 5776

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