segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

Pretenso e fugaz

Dormindo num manto de lama
A fétida esperança onírica,
Que embriaga e ofusca o momento,
Leva-me aos umbrais do Hades.
Mas, não possuo o metal da entrância:
Sou devoluto e vagueante neste mar...

As procelosas vagas que flutuam esta nau
não permitirão ao abismo tragar o sopro meu,
Nem a noite brilhante de vaga-lumes 
ou os chuviscos pontiagudos do medo,
seguindo a trilha dos rastros desaguados,
podem a regressiva via do perdido perfazer.

Ouçam as vozes que bramam do profundo,
Levem o cântaro transbordante de vergonha!
Pois, ninguém me afeta, mas o feto me corrói...

Algo de nada copula com a leviandade
É progênie daquilo que sulca minha beleza...

O dulçor avinagrado e o tal odor de fel
revolveram-me as entranhas em lodo;
o visgo da crença grudou-me os dentes,
e a fadiga impôs a mentira como bordão.

Sou frágil e argiloso e escorregadiço.
O vício da minha virtude consome, e
ela, abrindo a boca profere com férrea exatidão
uma sentença de vida e ávida fuga
para o efêmero e fugaz pretensioso
humano...


Maggour Missabbib, 5776

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