quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Loba (r)uiva em síncronos dedilhados


Lua cheia e céu brocado de crateras
O uivo da loba na ravina
Soou como cântico sacrossanto.
Nenhum dos sonhos libidinosos
Ou qualquer das volúpias mais sedosas
Podiam alentar o respiro desesperado de Flora

As crateras revolvidas
E batidas areias celestiais
As rajadas de ventos solares
E nebulosas e tímidas constelações
Nenhum dos pesadelos horrendos
Ou qualquer das malevolências mais ardilosas
Podiam desalentar a esperança repousada e telúrica

Mas, os castanhos claros
O grisalho prateado quase cãs
Beiços oblongos e desavergonhados
E picarescas tiradas rudes, 
O descompromissado tórrido discurso
De desrespeitosos desejos ardidos
As mãos atrevidas quase loucas...

 Veludosa cona devaneava deflorada
Extraindo o sumo a síncronos dedilhados,
Uivava a loba envolta na pele ruiva
No campo sob lúneas figuras
E trololava ruídos e sussurros.
Deleitosa estendida sobre a relva,
de sublunares castanhos claros alumiada,
Perfumada e sedenta sorvia o néctar 
Emaranhada na trama dos acinzentados
Jurava e amava e mentia,
De afeto e dedicativa impregnada.


Malkah, 5776

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