sexta-feira, 29 de abril de 2016

O Porto, O Sol do Poeta

Aqui estou onde o sol não brilha,
Não vibra, não entoa.
Não te vejo além d'aqui
E, longe sou...

Cá onde trazem todo o peso
De lembranças que sossobram e adormecem,
Não te vejo aquém d'ali
Pois, te busco sem sessar...

Toda carga despeja indesejada, 
Oprimindo o deque do meu pensamento,
E a ressaca destas vagas que sofregam
No canteiro co'a areia deste deserto,
Pois se velas trazem taciturnas  revelações
E se o tempo de partida já partiu
A quem ali direi a Deus que me feriu?

Se aquem não me vejo nesse porto
E tu longe do meu canto vais
E, se além d'aqui, me vês com olhos turvos
É que aquém d'ali amei-te tanto,
De ventos, velas, vozes de encanto
Por isso, amor amante,
Suprime o poeta, leva-o morto...

Malkah, 5776

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