terça-feira, 29 de setembro de 2015

Desquero

Quero
A escuridão do anoitecer
A melodia da canção
A verdade da palavra
O desfecho da ilusão.
Quero
A luz do amanhecer
A carícia do proibido
A realidade do tato
O saber do percebido.
Quero
O mal não-ser
O vulto da sensação
O sulco da idade
A falta sem a saudade.
Quero
O tempo solto
O rio corrente e certo
O vento levando a vela
A mentira num deserto.
Quero
Das sutis a percepção
Das brutas o desalento
Das novas a lascívia
Dos mundos este momento.
Quero
Do ser o essencial
Do modo a discrepância
Do ermo o abismal
Da vida a relevância.
Quero
No entrementes dos meus respiros
Perfumes, olores e prazeres.
No entrementes de minhas dores
Sentido, gozo e suspiros.
Desquero
Descontentamentos do não-querido...

Malkha, 5776

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