quinta-feira, 19 de março de 2015

Qualqueira



Se uma hora qualquer de um dia perdido,
Antes que as sombras cintilantes possam apagar nossas ilusões;
Na vespertina luz sob o dobrar dos sinos,
Antes que os lençóis despenquem das varandas.
Uma, ora, qualqueira, que queiras entre ocaso o caso e a matina.
Do jeito que a liberdade permitir;
De um tanto que não transpasse a medida da nossa querência...
E, se o raiar do dia os surpreender e quiseres vir ou ir,
Seja o que for, é assim que o aprazível embala em lascivos seios...
Quando desnuda nosso secreto,
No cair das trevas sobre veludo de tua pele,
No campo, sobre a relva orvalhada,
Passa a madrugada e os lábios umedecidos,
O coração letárgico, as palavras soltas e o vento;
Gira o mundo e as horas mortas matutinas
Levam amantes pelas várzeas dos prazeres
E, qualquer hora dessas que não se espera,
A presença da ausência dá saudades
E afaga e beija e embala
Amordaça o gemido boca à boca
E, depois da suave madorna da aurora...
Túmida a flor desvirginada.


Malkah,

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