quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Ser vil ilação



Beija-me nojenta mente
Que banhado em chorume
Sou socializado,
Planteando sórdidas ideias
Cavalgo o lombo da ilusão.

Sou falso, nojenta mente,
Minta-me com pureza,
Que a hipocrisia purulenta
Roeu-me o metatextículo
E doeu-me o ideal.

Nojentamente idealizei-me
Ao arrigado linho da bandeira
Mostrei-me entrementes
A donzela a prostituta a mulher...
Se vil, vai à vilã, a vida vai,
Se não viu, vem a verme.

A civil ação dissidiada
Da chorumoza civilização
Em lúdico demonárquico governada
Trazendo à luz rebento da corrupção.

Nessa turba, sou civil desmilitante
Que na umbrosa câmara disputado
O olor d’esterco inalante
Revolve o vômito sociável
D’agora, d’outrora, doravante...


Maggour Missabbib

5775

Loba (r)uiva em síncronos dedilhados


Lua cheia e céu brocado de crateras
O uivo da loba na ravina
Soou como cântico sacrossanto.
Nenhum dos sonhos libidinosos
Ou qualquer das volúpias mais sedosas
Podiam alentar o respiro desesperado de Flora

As crateras revolvidas
E batidas areias celestiais
As rajadas de ventos solares
E nebulosas e tímidas constelações
Nenhum dos pesadelos horrendos
Ou qualquer das malevolências mais ardilosas
Podiam desalentar a esperança repousada e telúrica

Mas, os castanhos claros
O grisalho prateado quase cãs
Beiços oblongos e desavergonhados
E picarescas tiradas rudes, 
O descompromissado tórrido discurso
De desrespeitosos desejos ardidos
As mãos atrevidas quase loucas...

 Veludosa cona devaneava deflorada
Extraindo o sumo a síncronos dedilhados,
Uivava a loba envolta na pele ruiva
No campo sob lúneas figuras
E trololava ruídos e sussurros.
Deleitosa estendida sobre a relva,
de sublunares castanhos claros alumiada,
Perfumada e sedenta sorvia o néctar 
Emaranhada na trama dos acinzentados
Jurava e amava e mentia,
De afeto e dedicativa impregnada.


Malkah, 5776

quarta-feira, 25 de novembro de 2015

A flor do meu amor e vento outonal


In memoriam 
Maria Lúcia Teixeira Vital
1938-2015
O verão passou e 
toda calmaria que trouxe
As nuvens tímidas despontaram num céu matinal.
Subiram as orações 
banhadas de luz do arrebol.

O pomar florido 
Recomeça a vicejar e
Na madrugada sonora,
O pranto do meu amor
dissonante com o perfume de seu carinho.

As mãozinhas frágeis e pálidas
Um sorriso apagado e um olhar tristonho
enunciavam o desvelar de outro dia.

Desabrocha a manhã
de reluzente frugalidade,
O respiro tênue do meu amor
Prenunciou a abertura do infinito nela,
as torrentes cálidas lavaram sua fragilidade
e, sem tempo, o vento outonal bramiu...

A mais bela flor do meu pomar 
foi levada pelo vento de outono
e deixou mui umbroso 
o brilho do meu alvorecer...


Melk Vital

Possuir a liberdade de doar amor

O melhor da vida é ser capaz de receber amor e dar, em troca, amor como resposta, porque isso nos conduz à benção da felicidade. Portanto, não estamos sós, posto que, dar amor é a única maneira de sermos amados... isso não significa que podemos possuir a liberdade de amar do outro.

Melk Vital
novembro, 2015