terça-feira, 29 de setembro de 2015
O encontro
De onde vens...
Dos lagos, soprados de ventos;
Das colinas nubladas e frias;
Dos valados e escarpados.
E me perguntas: o que tens...
Véus de vergonha dos conventos
Efígies marmóreas e pias;
Fragores e descalabros.
Então, para onde vais...
Subindo o descampado
Por rochedos crepitantes
Dos vales remanescentes.
E, o que levas...
O fumo da esperança
O fulgor da juventude
A beleza deste instante.
Quem és...
Os raios do ocaso,
O lodo do entardecer,
As auroras dos arrebóis,
A escuridão do amanhecer,
A falha na fenda leve,
O musgo do pedregal,
A sede da injustiça,
O ódio do chacal; e
A fome da cobiça.
A necessidade nada tem comigo haver .
Mas, tu... meu companheiro,
Convalida com dinheiro
O crédito do merecer.
Naquela hora final
Nenhuma propriedade
Te livrará do fatal
Encontro com a mortandade.
Maggour Missabbib
5776
A vida é um passeio com a morte
A vida é um passeio com a morte
Talvez um convescote
Libado de prazer
É certo, breve encanto
De cuidado e acalanto
Nos braços do adormecer...
Maggour Missabbib
5776
Desquero
Quero
A escuridão do
anoitecer
A melodia da
canção
A verdade da
palavra
O desfecho da
ilusão.
Quero
A luz do
amanhecer
A carícia do
proibido
A realidade do
tato
O saber do percebido.
Quero
O mal não-ser
O vulto da
sensação
O sulco da
idade
A falta sem a
saudade.
Quero
O tempo solto
O rio corrente
e certo
O vento levando
a vela
A mentira num
deserto.
Quero
Das sutis a
percepção
Das brutas o
desalento
Das novas a
lascívia
Dos mundos este
momento.
Quero
Do ser o
essencial
Do modo a
discrepância
Do ermo o abismal
Da vida a
relevância.
Quero
No entrementes dos
meus respiros
Perfumes,
olores e prazeres.
No entrementes de
minhas dores
Sentido, gozo e
suspiros.
Desquero
Descontentamentos
do não-querido...
Malkha, 5776
quarta-feira, 2 de setembro de 2015
Resto de imagem
Quando partires,
Leva a capa que me cobriu.
Não te deixes neste limbo,
Que a infame tormenta matinal
E o lodo da esperança desterraram.
Quando partires, deixe a chuva,
Que umedecia os brotos do nosso desejo.
Não arranques com o ódio
A flor de tua aurora,
Que o belo do dia trouxe,
Que iluminava dentro e fora,
Que o quarto cheio de lodo sufocava...
Quando te fores,
Não te vai de todo;
Deixe-me traços sutis,
Lembranças obscuras,
Beijos falsos de lábios enganosos.
Mas, leva contigo
A presença de tua ausência,
P’ra que eu sofra e tu também.
E o sofrer comungue o que éramos.
E o instante reste
Na imagem do teu rosto.
E o meu semblante passe
Num momento de tua imagem.
MaggourMissabbib
5775
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