segunda-feira, 31 de agosto de 2015

E, meu amor. E, minha dor. E, eu.


Não pensei, disse:
As minhas certezas são esperanças
Os meus desejos são ilusões
As minhas querências são proibidas.

Os meus afazeres, inumeráveis,
Os meus prazeres, efêmeros,
Os meus temperos, insulsos.

O meu olhar é vago,
A minha voz, muda.
As minhas horas, poucas, e
Minha força, minguante.

A minha ausência é um alívio,
Os meus amigos são distância,
O meu abrigo, desespero.

A minha túnica, a nudez,
O meu lugar é um deserto,
Minha companheira, a solidão...
E, meu amor. E, minha dor. E, eu!

MaggourMissabbib
5775

Querida Querência

Quero-te como quero,
Que me queiras como te quero,
Não pela carência de tua querência
Quero que estejas presente
Mesmo na ausência
Quando sob a lua
No teu corpo, o lume tênue
Meu desejo ardendo
E tua pele viçosa e nua

Se amainada é a flor
Do desidério e d’ilusão
Crescendo vai o meu ardor...

O teu delírio que se esvaiu
Na presença de minha ausência
O meu querer mais iludiu

Deixa-me beijar tua nudez
Em sonho ameno, os lábios teus,
Vai retumbar na minha presença

Tua querência outra vez.

Malkah, 5775

Entranhas mortas e saudades e cinzas

Não te turbe, pela profundeza das coisas!
O que não passar com a vida, passará com a solidão.
O que não passar com a solidão, passará com a não-vida.
Mas, o não-vida, não passará e a turbação será justificada.
Portanto, deixa a vida pela não-vida se a solidão te engaiola.
Ou, deixa a solidão pela falsidade até não haver mais o que há,
Porque ninguém reconhece tua fragilidade e o teu fracasso.
Jamais se levantará algo que te ponha de pé na tua escuridão.
Agora deita-te na tua tende de trapos podres, que chamas repouso.
Cubra teus braços com as cinzas da saudade.
Banha-te no lodo de tua ignorância e afoga-te na lama o teu pudor.
Reconheça que na tua gaiola és um abutre, que se nutre de suas próprias entranhas...


MaggourMissabbib
5774